Olhe para o seu
filho. Levando um copo d’água até a boca pela primeira vez. Se ele for muito
pequeno, recorde-se de quando ele conseguiu acertar um móbile com a mão pela
primeira vez também. Lembre-se de como ele tentou de novo, e outra vez. Dos
erros e acertos, e da vontade de continuar. Da lentidão, dos fracassos, das
inúmeras tentativas. Tudo isso pode passar despercebido para um adulto. Mesmo
para um adulto que ame. São mistérios da criança, e segredos que ela guarda.
A
criança é apaixonada pelo insignificante. Nós nem sempre entendemos
isso bem, e tentamos mostrar a ela o mais interessante. Ela tenta colocar as
meias oito, nove vezes. Nós nos mordemos de pena, e colocamos as meias para ela.
Ela reclama, chora. E nós explicamos que agora ela vai poder ir para o
parquinho! Correr! Brincar! Ao nosso olhar, isso é tão mais interessante do que
colocar as meias.
Mas a
criança é apaixonada pelo insignificante. E ela é lenta no insignificante.
Em lugar de abotoar logo sua camiseta, demora. Em vez de se pentear rápido, vai
muito devagar. E quando termina, a linha na cabeça parece um labirinto. E nós,
cheios de constrangimento porque nossa filha vai ser vista com os cabelos
tortos, nos compadecemos e ajudamos, penteamos de novo. E ela reclama: “Eu já
penteei” e nós somos gentis: “Eu sei, filha, eu estou só…” Só o quê?
Corrigindo. Só acertando. Só deixando perfeito.
Mas a criança
não é perfeita. Ela está no caminho da perfeição. E é apaixonada
pelo caminho. Por cada passo dele.
Quando falamos
de respeito ao ritmo da criança podemos entender isso como
geralmente entendemos: cada criança tem um ritmo…
Mas existe um
outro jeito, melhor, mais profundo, mais revolucionário.
A
criança tem um ritmo completamente diferente do ritmo do adulto. E é essa
diferença que precisa do máximo respeito.
A criança é
lenta e excessivamente repetitiva. Esse é seu ritmo.
O adulto já
sabe fazer as coisas, e agora ele só reproduz o que já sabe. Mas, ao contrário
do que pensamos, a criança não está só aprendendo. Ela está
criando. Um ser humano inteiro. Habilidade por habilidade. Abotoar,
dar laço no sapato, levar o copo até a boca, acertar o móbile, abrir uma
gaveta, comer. Ela está construindo cada habilidade. Fazendo
as conexões cerebrais necessárias. Criando.
E, claro, o
trabalho de criação do ser humano é mais longo, mais demorado e mais repetitivo
do que o trabalho de reprodução.
Por um instante, pense no Davi, de Michelangelo:
Quando Michelangelo esculpia, a seu ver, ele não impunha
uma forma a uma rocha. Ele libertava a estátua dos obstáculos que a
impediam de aparecer. A criança faz a mesma coisa: liberta-se dos
obstáculos que a impedem de ser um ser humano com plena capacidade de ação.
É muito mais fácil copiar Davi do que libertar Davi pela
primeira vez. O ponto é que para a criança é sempre a primeira
vez. Por isso ela é repetitiva, e lenta, e por isso ela se dedica
com muito mais intensidade do que o adulto a tudo o que faz.
Nós temos mais facilidade em lidar com o descontrole da
criança, a velocidade dela. Quando a criança é extremamente rápida, derruba
coisas, e faz barulho, dizemos a nós mesmos: Crianças são assim.
Mas quando a criança demora, repete, tenta de novo, fracassa, se esforça, nós
não pensamos que Crianças são assim. Pensamos que ela precisa de
ajuda.
Ela precisa. Mas a maior ajuda que a criança pode receber
só pode vir de um adulto treinado na paciência.
Imagine o tédio, o desespero e a confusão de quem
observasse Michelangelo dar as primeiras marteladas que libertariam Davi.
Agora, imagine o encanto de quem o viu dar as últimas
marteladas.
Agora, imagine o encanto de um escultor treinado, que o
visse dar as primeiras, e permanecesse lá, observando, em silêncio, até a
última.
Esse é o adulto de que a criança precisa. Um que a deixe
trabalhar em paz, libertando-se de cada obstáculo, até que esteja satisfeita.
Um adulto que não a corrija, que espere mais, que permita a repetição, e que
assista, em silêncio, paciência e reverência, ao enorme trabalho de criar um
ser humano.
Criar um ser humano é muito mais difícil do que libertar Davi de um pedaço de rocha. O maior trabalho da humanidade é feito pelas menores mãos. Elas trabalham em outro ritmo. E é este ritmo que precisamos compreender e respeitar.
Nós desejamos que as crianças desenvolvam
personalidades fortes e independentes, que sejam autônomas e conscientes em
suas escolhas. E procuramos sempre as maneiras de educá-las que ajudem na
construção dessa personalidade.
Existem comportamentos adultos que ajudam a criança
a construir sua própria personalidade, e comportamentos que fazem com que a
criança absorva a personalidade do adulto, em vez de formar a sua, e levam a
uma substituição da personalidade, nas palavras de Montessori.
Neste texto vamos entender como isso funciona.
O Amor pelo Ambiente
As crianças amam o ambiente em que vivem, não com
um amor sentimental, mas com um amor psíquico. Elas absorvem o ambiente, formam-se a partir dele, e se formam para ele. As
crianças prestam muita atenção ao ambiente e é no ambiente que elas encontram
as pistas sobre o que devem fazer e como devem ser.
Por isso, aquilo que a criança encontra no ambiente
é da maior importância. Ela vai usar tudo. Vai usar mais ainda se aquilo que
ela encontrar vier das pessoas que ela mais ama no mundo: seus pais, ou os
adultos responsáveis por ela.
A Substituição da Personalidade
Alguma influência dos pais sobre os filhos é inevitável. Eles falam nossa língua, acostumam-se
à nossa comida, e escutam a música que nos agrada. Mas, a depender de nossas
ações, eles podem absorver muito mais do que isso, e essa absorção não é sempre
boa.
Em minha casa, minha família tinha muito medo de
pessoas entrarem em nossa casa. Ladrões, criminosos de todo tipo. Esse medo de
alguém entrar em casa (apesar dos poucos motivos que alguém teria para isso)
nos levou a morar em casas muito bem trancadas e de muros muito altos. Isso
nunca me impediu de ter pesadelos, que duraram décadas, envolvendo roubos,
assaltos e assassinatos, sempre com alguém entrando em casa à noite.
Eu nunca fui de ter outros pesadelos (hoje em dia,
eu sonho que perco vôos para os Cursos Montessori), mas esse pesadelo, de
pessoas entrando em casa, e um tremor de corpo inteiro quando escuto qualquer
som no meio de uma noite de trabalho… Isso é uma parte da minha herança
emocional.
As crianças não herdam só a paixão por Beetles e
por cravo nos doces. Elas levam a personalidade dos pais no pacote, se nós não
tomamos cuidado.
Crianças muito pequenas deixam isso especialmente
claro. Um dia a criança, com dois anos, vê a mãe colocando copos em cima da mesa, virados para baixo. Dois
dias depois, ela encontra copos virados para cima na mesa e os vira para baixo,
um a um. Não é só o gesto, mas a percepção de como o mundo deve ser que
a criança herdou da mãe naquele instante. E é isso que ela herda sempre.
Como Ajudar Nossos Filhos a Terem a Própria Personalidade
É claro que teremos influência sobre nossos filhos.
Voluntária e involuntariamente. E está tudo bem. O cuidado que devemos ter não
é para excluir a influência completamente, mas para editar essa
influência. Escolher um pouco melhor o que desejamos passar a diante.
A melhor maneira de fazer isso é reconhecer os
nossos impulsos e emprestar consciência a eles. Em vez de agir e falar por puro
impulso, prestar atenção, e agir por escolha, falar por escolha.
Nós podemos fazer uma lista dos nossos maiores
medos, das nossas maiores vontades, daquilo que criticamos nos membros da nossa
família, daquilo que elogiamos publicamente. Podemos listar nossos desejos,
ambições, repulsas. E então nos conheceremos um pouco mais.
Podemos pedir a nossos cônjuges que nos digam quais
traços e ações são típicas nossas. É o jeito como fechamos a porta do carro? A
fala rápida e acelerada? A tolerância com o comportamento dos outros? E
conheceremos mais um pouquinho.
Quando nos sentirmos muito felizes, ou muito
tristes, ou muito temerosos, ou muito bravos, podemos tomar nota, mentalmente,
do motivo de nossa mudança emocional. E saberemos mais de nós mesmos.
Aos poucos, esse processo de descoberta de
si mesmo leva a um comportamento menos impulsivo, mais escolhido, mais
consciente. Isso não quer dizer que ele seja menos natural. Ele só
é seu de verdade, e não de um inconsciente que você não controla.
Além disso, é claro, há o mais importante: precisamos deixar nossos filhos existirem. Se eles gostam de flores, e nós de parafusos,
precisamos parar na rua quando houver flores, e conversar sobre flores com
eles. Se eles lavam as mãos muito devagar e fazendo muita espuma, é preciso
permitir. Se gostam, nas últimas duas semanas, de passar minutos amarrando os
tênis, isso é importante, e a formação de uma personalidade autônoma passa por
ações autônomas.
Precisamos ficar mais em silêncio, agir menos e permitir mais. As crianças estão sempre atentas ao ambiente à sua volta, e é assim que colhem matéria-prima para a construção do eu. Mas o eu se constrói de verdade, não quando as crianças absorvem a matéria-prima, e sim quando elas agem, usando a matéria prima para a construção autônoma da personalidade. Maria Montessori descobriu os segredos da criança, e abriu caminho para uma convivência melhor e mais pacífica entre adultos e crianças.
Aqueles
que trabalham com o método Montessori percebem os efeitos positivos desta
metodologia diariamente. No cotidiano, os educadores observam como as
habilidades motoras das crianças são fortalecidas, suas habilidades de
raciocínio se tornam aguçadas e sua independência é constantemente estimulada
pela interação diária com o ambiente.
Mas,
podemos observar tudo isso e simplesmente não saber como o método Montessori
alcança tais resultados. Seria apenas um feliz golpe de sorte que faz com que a
metodologia Montessoriana promova o desenvolvimento do cérebro?
É mais do que apenas uma simples coincidência. O neuropsicólogo pediátrico, Steve Hughes, acredita que o método Montessori desencadeia funções cerebrais específicas que auxiliam muito o desenvolvimento cognitivo. Na verdade, ele se refere ao Montessori como “o método original de aprendizagem baseado no cérebro. Em pesquisas posteriores, descobriu-se que os primeiros seis anos de vida são significativos para o cérebro se desenvolver completamente. Há novas pesquisas que coincidem com a descoberta de que a fundação de estruturas neurais nos lobos frontais do cérebro humano não está totalmente desenvolvida até aproximadamente os vinte e quatro anos de idade. Isso indica que o cérebro se desenvolve continuamente e que adultos e pais podem fazer algo para tornar essa experiência positiva. Para atingir este potencial pleno, o ser humano precisa de interação com o ambiente e experiências sensoriais.
Portanto,
agora a questão é “como podemos ajudar as crianças a alcançar o potencial
máximo do desenvolvimento do cérebro? ” A educação Montessoriana propõe alguns
fatores importantes para o ambiente educacional, mencionando ser importante:
Que estimule todos os sentidos;
Que tenha uma atmosfera livre de estresse;
que seja agradável e desafiador;
que permita a interação social;
Que contemple uma dieta nutritiva;
Que promova o desenvolvimento e dê à criança uma chance de avaliar os resultados de suas ações, sendo um participante ativo, em vez de um observador passivo.
Essa ideia se reflete no que Montessori percebe como um ambiente preparado e se relaciona com o fato de que o cérebro vem equipado para adquirir habilidades como a linguagem, porém, todo o seu crescimento e mudanças são provocados por estímulos externos.
Maria Montessori constatou em suas observações que na infância ocorriam períodos sensíveis para o aprendizado. Nestas fases evolutivas as crianças apresentam grande potencial de aprendizagem, razão pela qual a educação é essencial. Sendo assim, Montessori propunha que crianças com idade entre 0 e 11 anos devem explorar o ambiente ao seu redor com a maior autonomia possível. A autora acredita que o ambiente da criança deve ser um “microcosmo infantil”, os móveis de tamanho apropriado para as crianças, brinquedos que possibilitem o desenvolvimento cognitivo e a exploração dos sentidos.
No método Montessoriano, as
mãos funcionam como instrumentos do cérebro:
“Com as mãos o ser humano concebe o
seu entorno. Elas são as ferramentas executoras da inteligência. As mãos são
criativas, podem produzir coisas. Os órgãos sensoriais e a capacidade de
coordenação se desenvolvem através das atividades manuais”, considera Maria
Montessori.
O que
acontece é que o cérebro utiliza de recursos para o processamento dos estímulos
sensoriais e as mãos são de extrema importância para o desenvolvimento
infantil.
Mas,
com base nas observações de Montessori, quais são as reais necessidades de uma
criança ao longo de seus primeiros seis anos de vida?
É preciso considerar que nesta fase os diferentes aspectos do desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança estão interligados. Por isso, o cérebro da criança se potencializa diante dos sentimentos de amor, segurança e proteção. Quando a criança recebe carinho e tem uma infância confortável, ela lida melhor com as situações de estresse na vida adulta.
Atividades sensoriais que trabalham a visão, o tato, o paladar, o olfato, a audição e os movimentos, são capazes de estimular as células nervosas, construindo conexões permanentes. E a neurociência confirma que as atividades físicas potencializam a memória e o aprendizado, pois reforçam a produção de células no hipocampo. Aulas de Musicalização, leitura e todas as atividades que envolvem enriquecimento de vocabulário também são extremamente importantes, pois quanto maior for o vocabulário da criança, melhor será seu desenvolvimento na escola. É importante que os pais e educadores estejam atentos aos sinais da criança, seu ritmo de desenvolvimento, seu estado de espírito, e saibam que embora o desenvolvimento cerebral seja previsível, cada criança é única e merece atenção.
Montessori não se resume à
sala de aula. É perfeitamente possível trazer seus princípios para dentro de casa e isso pode
ser uma ponte inestimável para reforçar o que a criança aprende na escola.
Incentivar a ordem, a
independência e automotivação é fundamental para a abordagem Montessori. Na
escola, as salas de aula cuidadosamente projetadas permitem que os alunos
desenvolvam competência para cuidar de si mesmos e do ambiente ao redor. Você
pode preparar sua casa de maneira semelhante. Definir um lugar para tudo
permite com que as crianças saibam onde encontrar o que precisam e tenham um
lugar para colocar as coisas quando elas terminam de usar. Um ambiente ordenado
também tem menos distrações, permitindo que as crianças se concentrem no que
estão fazendo. Para ajudar uma criança, devemos fornecer-lhe um ambiente que
lhe permita desenvolver-se livremente.
Simplificar o ambiente
doméstico permite que a criança entenda o que se espera dela.
Por exemplo, limitar as
escolhas de brinquedos e colocar prateleiras abertas ao nível dos olhos da
criança (em vez de caixas de brinquedos, onde os brinquedos são amontoados em
pilhas) permite com que ela veja todas as suas possibilidades de escolha e
retorne os objetos para os locais de onde retirou.
Os quartos merecem atenção
ainda maior e devem estar livres de desordem, com lugares claramente destinados
para descanso, autocuidado e vestimenta. Para nutrir independência e
autoestima, a mobília deve ser acessível, do tamanho da criança. Por exemplo,
um armário com peças limitadas permitirá que seu filho faça suas próprias
escolhas de roupas e arrume-as de forma independente.
O quarto pode ser uma
expressão da personalidade e dos interesses únicos do seu filho e você pode
permitir que ele escolha sua própria arte e sua cor de tinta, de modo que se
sinta orgulhoso de cuidar de seu próprio espaço. Todas as áreas do quarto devem
dar oportunidades para reforçar o valor da organização e do cuidado com o
ambiente e seu filho deve ser totalmente responsável por manter a limpeza em
seu próprio espaço. Particularmente, quando seu filho é mais velho e é
responsável por fazer suas leituras de forma independente ou o dever de casa,
seu espaço de estudo deve ser livre de distrações para potencializar a
concentração.
Acolher as crianças na
cozinha é uma das maneiras mais fáceis de apoiar a crescente independência
delas em casa. Os mantimentos podem ser colocados em prateleiras baixas e
fáceis de alcançar, para que o seu filho possa fazer escolhas e recolocar
aquilo que utilizar no local correto. Um banquinho colocado perto da bancada
convidará a criança a ajudar na lavagem de pratos ou na preparação de
alimentos.
A chave da independência para Montessori é incluir as crianças nas atividades diárias da sua família em casa. Na sala de aula, o professor é o adulto preparado. Em casa, é você. Qual é o seu papel no apoio à prática da família Montessori em casa? Quando se trata de implementar os princípios de Montessori em casa, a maioria dos pais fica intrigada com a ideia, por não saber por onde começar. O importante é começar com uma mudança de mentalidade. Como pai, você tem que começar entendendo que as crianças – mesmo as menores- são capazes de realizar mais do que você imagina. Uma vez que você reconhece isso, então você pode fazer algumas mudanças em sua casa para estimular a independência de seu filho.
Organize seu ambiente
“Um lugar para tudo e tudo
em seu lugar” é um dos princípios de Montessori. Quando você designa um lugar
para tudo, seu filho aprenderá rapidamente o lugar das coisas. Esta é uma
ferramenta essencial para ensiná-los a serem responsáveis pelos seus
pertences e a limpar as desordens que possam fazer.
Para ordenar efetivamente
seu ambiente, a mudança mais significativa que você poderá fazer é tornar as
coisas mais acessíveis para seu filho. Para fazer isso, é recomendado que os
pais:
Guardem as roupas em gavetas ou cestas baixas,
para que seu filho possa alcançar suas roupas;
Coloquem banquinhos na cozinha e no banheiro
para as crianças lavarem as mãos e, no caso da cozinha, ajudar na
preparação das refeições;
Coloquem brinquedos, jogos e materiais de arte
em prateleiras baixas onde seu filho possa acessá-los facilmente, e depois
separem esses brinquedos em várias cestas e latas para que os itens fiquem
separados e sejam fáceis de encontrar sem procurar em pilhas de outros
brinquedos;
Guardem lanches saudáveis em sua geladeira
ou despensa para que seu filho possa se servir;
Mantenha bebidas
em pequenos jarros localizados na prateleira inferior da geladeira, com
xícaras próximas. Quando seu filho estiver com sede, permita que ele se
sirva (mantenha uma esponja por perto para que a criança possa limpar
qualquer desordem que fizer também).
Na abordagem Montessori, os pais também são incentivados a trocar os brinquedos e livros de seus filhos com frequência. O objetivo disso é manter sua curiosidade renovada e evitar o tédio. Isso pode parecer complicado para alguns pais, mas a melhor maneira de fazer isso é ir trocando os itens nas prateleiras com base nos interesses atuais dos filhos. Eles estão animados com os dinossauros? Inclua uma cesta de dinossauros, bem como alguns livros temáticos apropriados para a idade.
Enfatize as habilidades da
vida prática
Até as crianças pequenas são capazes de ajudar em casa. Ensinando-os a cuidar de si mesmos e do espaço ao redor deles desde cedo, você permite com que eles se tornem adultos atenciosos e independentes. Isso significa que, como pai ou mãe, você terá que parar e dedicar um tempo para ensinar seu filho a limpar a mesa depois de uma refeição. Mas a mente das crianças é poderosa! Não demora muito para que elas possam realizar tudo que aprenderam de forma independente. Lembre-se de combinar suas tarefas com a idade e habilidades. Por exemplo, as crianças mais novas são perfeitamente capazes de aprender a regar plantas, alimentar animais de estimação, limpar a mesa depois de uma refeição e guardar seus brinquedos. As crianças mais velhas podem realizar tarefas mais complexas em sua rotina, como tirar o lixo, preparar refeições e fazer manutenção básica na casa. Elas também podem ensinar as crianças mais novas em casa também.
Estimule a concentração
Muitos adultos não acham
que crianças pequenas conseguem se concentrar, e é verdade que as crianças não
podem se concentrar em algo pelo mesmo período de tempo que os adultos. Mas,
sob o método de pensamento Montessori, essa é uma habilidade que você pode
começar a cultivar em seu filho desde cedo. Você pode ajudar a desenvolver a
concentração do seu filho em qualquer idade, observando o que desperta seu
interesse e oferecendo oportunidades para aguçá-lo.
Prepare a casa com os objetos para explorar o que despertou interesse e deixe-o trabalhar sem interrupções, até que esteja pronto para escolher outra atividade. A capacidade de se concentrar é uma habilidade importante para o aprendizado. Com base nas suas observações, faça alterações no ambiente para garantir o interesse e independência do seu filho. Para crianças mais velhas, trabalhe em conjunto e inclua-as no processo de tomada de decisão. Dê opções, mas certifique-se de que você está confortável com todas as opções disponíveis, para que você apoie a criança independentemente da escolha.
Foque na motivação interior
e não nas recompensas
O método Montessori não se
baseia em dar às crianças recompensas extrínsecas por comportamento, como
adesivos ou doces. O elogio verbal é valorizado, embora seja importante
garantir que seja dado com moderação. A chave é que você deve ensinar seus
filhos a desfrutar e buscar os sentimentos de prazer e orgulho que acompanham o
aprendizado de algo novo ou a conclusão de uma tarefa.
Montessori baseia-se na
crença de que o orgulho e o prazer no próprio trabalho têm efeitos duradouros e
significativos que os incentivos externos não têm. Na perspectiva
Montessoriana, até mesmo elogios devem ser dados com moderação – salvos para
reconhecer o esforço de uma criança e incentivar a dedicação e o
comprometimento em realizar uma tarefa, em vez do resultado de seu trabalho. Ao
expressar encorajamento e gratidão pelos esforços de seus filhos em casa, você,
assim como seus professores, ajudará a nutrir uma motivação interna que os
acompanhará ao longo da vida.
CRIANDO UM AMBIENTE
MONTESSORI PARA BEBÊS
Para criar um ambiente
Montessori não é necessário esperar que seus filhos fiquem mais velhos. É fato
que mesmo os bebês respondem bem a um ambiente Montessori em casa. Se você está
planejando implementar os princípios Montessoriana no ambiente doméstico do seu
bebê, aqui estão quatro coisas que você pode fazer:
Tampe as
tomadas elétricas, coloque fechos de segurança nas portas e remova objetos
que possam machucar seu bebê – ou que seu bebê possa se ferir. O objetivo
é criar um ambiente que permita que ele se mova e explore o espaço
livremente à medida em que começa a se movimentar.
A maioria das
pessoas pensa em portais como formas de restringir seus pequeninos, mas
você pode usá-los para delinear seus espaços de lazer e mantê-los nas
áreas projetadas para seu aprendizado e exploração.
Tente colocar
um colchão no chão e brinquedos adequados à idade ao seu alcance.
Procure uma cadeira para a criança que seja adaptável à mesa de refeições da família, possibilitando a ela compartilhar com todos o momento das refeições.
CRIANDO UM AMBIENTE MONTESSORI PARA CRIANÇAS
À medida que seu filho
cresce e adquire mais mobilidade, é essencial permitir-lhe a liberdade de se
movimentar e explorar toda a casa. Nesta fase, as adaptações da casa Montessori
terão que se estender para o banheiro, porque a criança vai passar mais tempo
lá. É importante incluir um banquinho, extensores de torneira e um extensor de
luz – tudo com o objetivo de ensinar seu filho a ser autossuficiente no
banheiro.
Conforme as crianças
crescem, seu nível de brincadeira também evolui. Para incentivar a exploração
do mundo ao seu redor, há várias coisas que você pode fazer, incluindo essas
três:
Coloque uma
pequena seleção de livros e brinquedos apropriados para a idade em
prateleiras baixas – mas sem brinquedos de plástico. Mantê-los em uma
prateleira baixa permitirá que seu bebê alcance qualquer coisa que chame a
atenção dele. Coloque cada tipo de brinquedo em uma cesta ou caixote
diferente para que eles comecem a aprender que tudo tem um lugar adequado.
Pendure
trabalhos de arte interessantes ao nível dos olhos da criança. Seja uma
impressão de um dos grandes artistas ou uma imagem emoldurada que seu
filho ou um irmão mais velho desenhou, é uma ótima maneira de estimular
sua mente.
A cada estação, monte uma bandeja de itens encontrados ao ar livre para o seu filho tocar e explorar. Quando você inclui seu filho na coleta dos itens do seu quintal, isso se torna outro momento de aprendizado e exploração. Considere algumas dessas ideias sazonais: Primavera: folhas verdes, musgo, flores e plantas variadas, sementes. / Verão: conchas, pequenos barcos, estrelas do mar, flores, frutas, ervas. / Outono: cabaças, maçãs, folhas, bolotas, milho seco, livros sobre o outono. / Inverno: flocos de neve de papel, ramos verdes, globo de neve, fotos de cenas de inverno.
Maria Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870 na pequena cidade de Chiaravalle, no leste da Itália.
Maria Montessori construiu sua história pessoal, intelectual e científica dedicando-se por mais de meio século ao estudo e à pesquisa do mais fundamental e difícil problema do homem: sua formação, pois considerava que só por meio dela seria possível agir diante de questões decisivas da vida – sua conservação e seu desenvolvimento.
Até sua morte em 6 de maio de 1952, então com 81 anos, viveu de maneira concreta e apaixonada a história de seu próprio tempo, imersa em sua luta e em sua conquista, concebendo e experimentando novas alternativas, contestando as tradições e os dogmas e lançando-se com coragem às novas necessidades e às novas perspectivas da Educação, da Criança e da Humanidade.
Maria Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870 na pequena cidade de Chiaravalle, no leste da Itália. Maria Montessori construiu sua história pessoal, intelectual e científica dedicando-se por mais de meio século ao estudo e à pesquisa do mais fundamental e difícil problema do homem: sua formação, pois considerava que só por meio dela seria possível agir diante de questões decisivas da vida – sua conservação e seu desenvolvimento. Até sua morte em 6 de maio de 1952, então com 81 anos, viveu de maneira concreta e apaixonada a história de seu próprio tempo, imersa em sua luta e em sua conquista, concebendo e experimentando novas alternativas, contestando as tradições e os dogmas e lançando-se com coragem às novas necessidades e às novas perspectivas da Educação, da Criança e da Humanidade.
Metodologia
É
importante lembrar que o enfoque da educação Montessori é sempre
indireto e nunca direto, ao contrário da educação tradicional. O
respeito da Dra. Montessori pela formação da criança, desde a sua
concepção levaram-na ao cuidado de não interferir diretamente no
seu desenvolvimento.
Filosofia
A
filosofia Montessoriana deve ser reconhecida por ser um começo à
busca de respostas para a educação e a vida da criança. Partindo
de suas experiências e não das nossas, representa a base para a
construção da educação do futuro.
Aqueles que trabalham com o método Montessori percebem os efeitos positivos desta metodologia diariamente. No cotidiano, os educadores observam como as habilidades motoras das crianças são fortalecidas, suas habilidades de raciocínio se tornam aguçadas e sua independência é constantemente estimulada pela interação diária com o ambiente. Mas, podemos observar tudo isso e simplesmente não saber como o método Montessori alcança tais resultados. Seria apenas um feliz golpe de sorte que faz com que a metodologia Montessoriana promova o desenvolvimento do cérebro? É mais do que apenas uma simples coincidência. O neuropsicólogo pediátrico, Steve Hughes, acredita que o método Montessori desencadeia funções cerebrais específicas que auxiliam muito o desenvolvimento cognitivo. Na verdade, ele se refere ao Montessori como “o método original de aprendizagem baseado no cérebro. Em pesquisas posteriores, descobriu-se que os primeiros seis anos de vida são significativos para o cérebro se desenvolver completamente. Há novas pesquisas que coincidem com a descoberta de que a fundação de estruturas neurais nos lobos frontais do cérebro humano não está totalmente desenvolvida até aproximadamente os vinte e quatro anos de idade. Isso indica que o cérebro se desenvolve continuamente e que adultos e pais podem fazer algo para tornar essa experiência positiva. Para atingir este potencial pleno, o ser humano precisa de interação com o ambiente e experiências sensoriais.
Portanto, agora a questão é “como podemos ajudar as crianças a alcançar o potencial máximo do desenvolvimento do cérebro?” A educação Montessoriana propõe alguns fatores importantes para o ambiente educacional, mencionando ser importante: que estimule todos os sentidos; que tenha uma atmosfera livre de estresse; que seja agradável e desafiador; que permita a interação social; que contemple uma dieta nutritiva; que promova o desenvolvimento e dê à criança uma chance de avaliar os resultados de suas ações, sendo um participante ativo, em vez de um observador passivo.
Essa ideia se reflete no que Montessori percebe como um ambiente preparado e se relaciona com o fato de que o cérebro vem equipado para adquirir habilidades como a linguagem, porém, todo o seu crescimento e mudanças são provocados por estímulos externos.
Maria Montessori constatou em suas observações que na infância ocorriam períodos sensíveis para o aprendizado. Nestas fases evolutivas as crianças apresentam grande potencial de aprendizagem, razão pela qual a educação é essencial. Sendo assim, Montessori propunha que crianças com idade entre 0 e 11 anos devem explorar o ambiente ao seu redor com a maior autonomia possível. A autora acredita que o ambiente da criança deve ser um “microcosmo infantil”, os móveis de tamanho apropriado para as crianças, brinquedos que possibilitem o desenvolvimento cognitivo e a exploração dos sentidos.
No método Montessoriano, as mãos funcionam como instrumentos do cérebro: “Com as mãos o ser humano concebe o seu entorno. Elas são as ferramentas executoras da inteligência. As mãos são criativas, podem produzir coisas. Os órgãos sensoriais e a capacidade de coordenação se desenvolvem através das atividades manuais”, considera Maria Montessori. O que acontece é que o cérebro utiliza de recursos para o processamento dos estímulos sensoriais e as mãos são de extrema importância para o desenvolvimento infantil. Mas, com base nas observações de Montessori, quais são as reais necessidades de uma criança ao longo de seus primeiros seis anos de vida? É preciso considerar que nesta fase os diferentes aspectos do desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança estão interligados. Por isso, o cérebro da criança se potencializa diante dos sentimentos de amor, segurança e proteção. Quando a criança recebe carinho e tem uma infância confortável, ela lida melhor com as situações de estresse na vida adulta.
Atividades sensoriais que trabalham a visão, o tato, o paladar, o olfato, a audição e os movimentos, são capazes de estimular as células nervosas, construindo conexões permanentes. E a neurociência confirma que as atividades físicas potencializam a memória e o aprendizado, pois reforçam a produção de células no hipocampo. Aulas de Musicalização, leitura e todas as atividades que envolvem enriquecimento de vocabulário também são extremamente importantes, pois quanto maior for o vocabulário da criança, melhor será seu desenvolvimento na escola. É importante que os pais e educadores estejam atentos aos sinais da criança, seu ritmo de desenvolvimento, seu estado de espírito, e saibam que embora o desenvolvimento cerebral seja previsível, cada criança é única e merece atenção.